terça-feira, 21 de outubro de 2008

Delicado? Infernal?... (Sim e não - Nando Reis - 2006)


Seu nome responde a qualquer tentativa de classificar o disco de Nando Reis e os Infernais lançado em 2006: Afinal, este é um disco de rock? Sim e não. É um disco de baladas de amor? Sim e não.

É o primeiro disco do compositor sem a sombra de Cássia Eller, que foi sua voz em "Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo" (ver entre as postagens anteriores) e no póstumo "Dez de Dezembro", disco onde a cantora gravou as canções mais célebres do compositor. Cássia se foi, mas Nando segue em frente.

Também é o primeiro disco que marca a fase "clean" de Nando Reis, afastado do álcool e de outras drogas. De alguma forma, essa nova fase transparece no álbum, ao mesmo tempo em que também estão presentes referências à sua vida "anterior", tornando este o seu mais autobiográfico trabalho.

Estranhamente o disco abre com sua música mais fraca, Sim, uma melancólica declaração de amor que será totalmente esquecida quando chegar ao final da audição. Em seguida, vem o hit deste disco: Sou Dela. A levada da música é irrestível, "grudenta" sem ser pegajosa, o pop-rock perfeito. O refrão traz uma sutil referência sobre seu momento: "Estava tão longe, num outro lugar, trancado e distante, na esfera lunar...". Mas agora, o Nando é dela e a música transborda a alegria desta descoberta e celebra este amor renovado.

N é uma balada de saudade. Uma saudade de quem fica menos de uma semana sem ver a mulher amada. Parece um exagero, mas quem já viveu uma história de amor quinzenal, de rodoviária, sabe bem como é essa saudade e a intensidade do encontro. A introdução traz um Carlos Pontual tocando um lick simples e intenso na strato, lembrando o lado mais sentimental de Clapton. Monóico é o primeiro rock'n'roll stoniano deste disco. Baita música com uma poesia um pouco diferente daquela que é a clássica do Nando Reis. No jogo de palavras há uma troca de papéis e é a mulher que o penetra. Nos Meus Olhos é outra balada, mais uma vez, um pouco diferente também da poesia típica do NR. Aqui ele mistura frases curtas e suas clássicas frases longas.

Santa Maria é um rock'n'roll stoniano de estrada, que conta a história de um amor inesquecível, marcado pelo calçar e descalçar das botas de uma mulher amada. Espatódea é simplesmente, a mais linda canção de amor de pai pra filha já escrita em português. A música dedicada à caçula Zoé diz: "não sei se o mundo é bão, mas ele está melhor desde que você chegou e explicou o mundo pra mim". O arranjo é delicado como a flor, e a gente vai percebendo o sim e não, o yin e yang se alternando ao longo do disco.

Pra Luzir o Dia é uma canção folk de poesia curta que se concentra em temas do dia-a-dia, celebrando as coisa simples desta vida: “bolo pra comer, bola pra bater”, “som para ouvir, sono pra dormir”. Uma bela e suave orquestração acompanha o arranjo. Como se o Mar é uma canção de amor que lembra os aranjos típicos da soul music brasileira dos anos 70, a la Tim Maia. Pena que a letra não seja tão boa quanto a música. Nando volta com mais uma canção de amor, pra um amor que se despede em Pra Ela Voltar, e reclama: "desde que ela foi embora nada mais funcionou".

Caneco 70 é o mais stoniano dos rocks deste disco. Desde as guitarras, até um "uh uh!" que lembra Sympathy for the Devil. Porque será que eu gosto tanto deste disco? Outra canção de estrada, conta uma história de amor real, com suas delícias e cagadas. “Teríamos futuro de eu não fosse um selvagem”. No final, uma micro autobiografia: canta seu amor pela sua São Paulo natal, pelo seu São Paulo Futebol Clube, time do coração, os pais, os filhos... Meio que justificando seu comportamento, se apresentando, sei lá...

“Não sei quantas vezes te deixei bem triste, Não sei se comigo foi feliz ou não. Não sou exatamente o cara mais fácil que existe. Mas posso te dizer que para sempre te trarei dentro do meu coração”. Não, não, não. E sim.

O disco termina com Ti Amo, um raga a la George Harrison, onde a melodia da música toda é cantada por um "ti amo", com se entoasse um mantra. Um sim. Sim de amor não só pela sua amada (aquela de Sou Dela), mas pela sua "nova" vida e os prazeres que estão por vir (como cantado em Pra Luzir o Dia). [MATEUS]

Um comentário:

  1. que massa abrir o blog e encontrar o "sim e não" estampado bem lindo! que legal que o nando chegou no 1001 discos! [ANDRÉA]

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