domingo, 19 de junho de 2011

Lapadas do povo, Raimundos



Permanecemos nos sub gêneros metálicos, o forrocore, invenção dos Raimundos.

Este disco puxa um pouco mais pro metal, com guitarras poderosas e extremamente bem gravadas. Inclusive foi gravado em Los Angeles (Sound City, onde Nirvana, Rage Against the Machine e Red Hot Chili Peppers tb gravaram), com letras mais sérias, o que pode ter sido o motivo de ter vendido bem menos do que seus antecessores.


E o disco começa bem com as guitrras se sobrepondo em 'Andar na pedra'. Um efeito flanger no final maneiríssimo.


Na seqüência a rapidíssima (1:03) 'Véio, manco e gordo', hardcore paulada na moleira!


'O toco' é mais no estilo antigo da banda, guitarras pesadas mas sem muita velocidade, vocais bem sacados no refrão mais pop.

"Fiz um toco grande e frouxo

Pra ficar com o olho roxo

Queimar meu dedo no fim

Ela veio trazendo o peso

E eu com medo de ser preso

Pintar meu dedo no fim "


'Poquito más' é um rockão com letra estranha e guitarras pesadas com riffs pegajosos, legal. Tem até uns metais fazendo fundo num clima quase mexicano tipo Fishbone!


'Wipe out' é daquelas pesadas e suingadas, a galera devia estar ouvindo Pantera. Wipe out significa a temida e conhecida vaca numa onda grande, quando vc se dá mal mas a galera da areia se diverte...Mais boas e pesadas guitarras, com solo de wah-wah magrinho.


'CC de com força' é mais uma aceleradíssima e curta. E é escatologicamente sobre cecê mesmo.


Mais uma acelerada, 'Crúmis odámis', pancadaria sem parar.

"(Eu sei que tem) eu sei que tem gosto pra tudo

A moda vai, a moda vem, o tempo passa e eu não mudo

E até pensando bem filho da puta de um sortudo

Durmo mal, comendo bem, fazendo grana pelo mundo"


'Bonita' é daquelas quase baladas que os Raimundos faziam muito bem, apelo pop com roupa punk, que deu origem a muito do emo de hoje em dia. Mas a culpa não é deles, né? Quem cria não pode se responsabilizar pela diluição.


'Ui ui ui' é mais rapidinha (0:47) e escatológica do disco.


A surpresa vem com a versão da música 'Oliver's army' do Elvis Costello! Bem legal, até com mais vigor que o original, o que também não é difícil.


'Nariz de doze' é uma letra meio enigmática sobre uma nave de marcianos que cai perto do maluco que escreveu a letra, se é que eu entendi isso direito. Bom riff e bom solo.


'Pequena Raimunda' é também uma versão, desta vez de 'Ramona' dos Ramones, que mesmo fiel ao original, ficou legalzinha. Só não sei como autorizaram essa letra lamentável...vale pela diversão.

"Olhe só Rodrigo, Rodolfo,Fred e Canisso

Feia de cara mas é boa de bunda

Olhe só é a Pequena Raimunda.

Se ela tá indo até que dá pra enganar,

Se ela tá vindo não é bom nem olhar,

Ela de 4 fica maravilhosa,

Na 3x4 é horrorosa"


'Baile funky' é a minha preferida, bem pesadona, guitarronas, riff thrash em fusas tipo Metallica/Slayer, letra (um pouco) melhor. Boa pra malhar!

"A porta tá sempre aberta pro povo

Casca do cerrado chegaram os mortos de fome

Sujeira de outra parte que vem pra sujar seu nome

Eu te falei que o ladrão que rouba mesmo

É bem vestido e eu vi de monte

Essa zoada no telhado é o vento que a vida leva

É o pensamento antiquado, te apaga queimando a erva

Enraizado fica o dono do pé que finca na terra

E faz a ponte Povo de Zé ofensa

É na igreja que o povo esvazia as bolsa

Tem quatro santos, três queimando o kunk

Decidindo o destino dos outros como se fosse Deus

Atrás da mesa o açougueiro comanda

E a intolerância me manda de novo pro banco dos réus

Armando com propaganda"


'Bass hell (Bônus crap)' é a experimental, programações eletrônicas com baixo em loop, scracth by DJ Romes, guitarra funk e aí no meio entra o peso dos infernos, depois volta pro balancinho soft.


Bom disco, mas mal sucedido comercialmente.

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