Ok, vamos subverter um pouco a proposta original: a resenha é de um
livro. Ok, ainda não está descambado pra putaria geral (basta o país, o blog é
sério): é um livro sobre música brasileira. Então de repente tá valendo. Ao
final você decide se sim ou não.
Eu não conhecia o autor, André Barcinski, mas isso é culpa minha, não dele, porque o cara é colunista da folha (faz muito mais que isso,
claro) e escreve em blogues e portais por aí, de tal forma que, você que está
lendo provavelmente o conhece melhor do que eu, cujo primeiro contato foi este
livro precioso (mas o cara é premiado com um livro sobre o rock underground
americano e um documentário sobre Zé do Caixão, foi mal, não consigo conhecer
tudo... E chega de falar do autor, a estrela aqui é o livro.
Sim, o título é emprestado do sucesso de Ednardo, mas o subtítulo é que
desvenda o mistério da emplumada - 1974-1983: a explosão da música pop no
Brasil.
A proposta é levada a cabo com a maestria, nem aquela chatice
enciclopédica, nem uma coisa pueril pra ler como quem conversa com um grupo de
whats. O resultado é uma leitura fluente e gostosa, que vai mistura descobertas
e tantas boas recordações (pelo menos para quem é mais ou menos da faixa etária
do autor). Claro que tem sempre o chato (antes fosse assim, no singular...) que
avalia a obra pelo que ela deixou de citar, se você não é assim, leitura
altamente recomendada.
Após uma curta abertura e um rápido prólogo, cada capítulo é um ano,
iniciando-se em 1974, entre os sacis e as fadas, na explosão da música pop
brasileira. Ao longo dos capítulos você pode saborear o desfile de vários
personagens clássicos e alguns tanto esquecidos que ajudaram a construir a
música brasileira neste período de 10 anos. Nem sempre centrado no aspecto
musical (mas também no fator comportamento e mercado, afinal, trata-se de
música pop) e nem sempre falando apenas de Brasil, mas de olho no contexto
mundial da música onde nós estamos natural e inexoravelmente inseridos.
Barcinski conduz a história deliciosamente sem preconceitos, e ainda que a
estrutura dos capítulos sugira uma certa descontinuidade, a leitura é
incrivelmente fluida. Além dos gigantes da MPB, Gil, Caetano, Chico; dos
roqueiros, Rita, Raul e Tim; dos malditos Macalé e Lanny Gordin; o autor é
generoso (e honesto!) com a época ao incluir Guilherme Arantes, Fábio Jr,
Sidney Magal, As Frenéticas, Gretchen, Roupa Nova e Balão Mágico até encerrar o livro em 1983 com Ritchie,
Sullivan e Massadas. E não é isso mesmo?
O livro saiu em 2014 pela Editora
Três Estrelas, tem 207 páginas de textos e uma magrinha fila de fotografias
(que nem seria necessária, mas, enfim... tá ali, aproveite!), inclui referências
bibliográficas (o que significa que deste livro pode-se ir para outros, e eu já
estou de olho), índice remissivo e, tan-tan-ran-ran,
uma lista de cinquenta discos
fundamentais do pop brasileiro!
(dos quais poucos, se algum, resenhado aqui)
Valeu André, com essa você me salvou, num post só já indiquei 50 discos, ninguém me segura, campeão!
[M]
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