domingo, 19 de março de 2017

Pavões Misteriosos, André Barcinski - 2014



Ok, vamos subverter um pouco a proposta original: a resenha é de um livro. Ok, ainda não está descambado pra putaria geral (basta o país, o blog é sério): é um livro sobre música brasileira. Então de repente tá valendo. Ao final você decide se sim ou não.

Eu não conhecia o autor, André Barcinski, mas isso é culpa minha, não dele, porque o cara é colunista da folha (faz muito mais que isso, claro) e escreve em blogues e portais por aí, de tal forma que, você que está lendo provavelmente o conhece melhor do que eu, cujo primeiro contato foi este livro precioso (mas o cara é premiado com um livro sobre o rock underground americano e um documentário sobre Zé do Caixão, foi mal, não consigo conhecer tudo... E chega de falar do autor, a estrela aqui é o livro.

Sim, o título é emprestado do sucesso de Ednardo, mas o subtítulo é que desvenda o mistério da emplumada - 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil.

A proposta é levada a cabo com a maestria, nem aquela chatice enciclopédica, nem uma coisa pueril pra ler como quem conversa com um grupo de whats. O resultado é uma leitura fluente e gostosa, que vai mistura descobertas e tantas boas recordações (pelo menos para quem é mais ou menos da faixa etária do autor). Claro que tem sempre o chato (antes fosse assim, no singular...) que avalia a obra pelo que ela deixou de citar, se você não é assim, leitura altamente recomendada.

Após uma curta abertura e um rápido prólogo, cada capítulo é um ano, iniciando-se em 1974, entre os sacis e as fadas, na explosão da música pop brasileira. Ao longo dos capítulos você pode saborear o desfile de vários personagens clássicos e alguns tanto esquecidos que ajudaram a construir a música brasileira neste período de 10 anos. Nem sempre centrado no aspecto musical (mas também no fator comportamento e mercado, afinal, trata-se de música pop) e nem sempre falando apenas de Brasil, mas de olho no contexto mundial da música onde nós estamos natural e inexoravelmente inseridos. Barcinski conduz a história deliciosamente sem preconceitos, e ainda que a estrutura dos capítulos sugira uma certa descontinuidade, a leitura é incrivelmente fluida. Além dos gigantes da MPB, Gil, Caetano, Chico; dos roqueiros, Rita, Raul e Tim; dos malditos Macalé e Lanny Gordin; o autor é generoso (e honesto!) com a época ao incluir Guilherme Arantes, Fábio Jr, Sidney Magal, As Frenéticas, Gretchen, Roupa Nova e Balão Mágico até encerrar o livro em 1983 com Ritchie, Sullivan e Massadas. E não é isso mesmo?

O livro saiu em 2014 pela Editora Três Estrelas, tem 207 páginas de textos e uma magrinha fila de fotografias (que nem seria necessária, mas, enfim... tá ali, aproveite!), inclui referências bibliográficas (o que significa que deste livro pode-se ir para outros, e eu já estou de olho), índice remissivo e, tan-tan-ran-ran,

uma lista de cinquenta discos fundamentais do pop brasileiro!
(dos quais poucos, se algum, resenhado aqui)

Valeu André, com essa você me salvou, num post só já indiquei 50 discos, ninguém me segura, campeão!


[M]

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